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"É tão complicado
quando você nota que é diferente de outras pessoas. Percebe que tem
algo diferente. Desejos diferentes.
Nossa vida social começa na
família e depois na escola. É lá que entramos em contato novos
colegas e começamos a perceber diferenças e logo sentimos a
manifestação do preconceito. É interessante que crianças de 05,
06 e 07 anos já são educadas de forma homofóbica.Todos já
conhecem a palavra “veado”, “sapatão” e tantas outras, já
tem registradas em sua mente o significado pejorativo dos termos
acima e quando querem ferir a moral de um colega logo chamam do
referido termo.
Muitas vezes fui
excluído pelos colegas de escola, fui vitima de bulliyng, e isso
“dói” muito. Quando chega a adolescência que despertamos para
vida sexual, sentimos desejo, ficamos aflitos. Percebemos que tem
algo errado. E agora com quem conversar? Quando se vive num mundo de
pessoas fechadas para homossexualidade, pessoas que a vêem como
desvio de caráter. Falar com os pais jamais. Amigos pior ainda.
Comigo foi assim.
Até hoje sinto-me
encurralado, com medo da sociedade, das pessoas que não entendem o
quanto um homossexual pode sofrer para se aceitar, passa pelo medo da
rejeição, medo de perder amigos, a família. Tudo por conta da
ignorância dessas pessoas. É tudo muito complicado. Senti-me um
fracassado, culpado, por ter desejos por pessoas do mesmo sexo. E
quando começa a receber pressão dos amigos pior ainda, afinal à
medida que crescemos as pessoas comentam mais, “fulano não
namora”, “será que ele é gay”, se alguém quer ofender chama
logo de veado e isso é pior que um tapa na minha cara.
Passamos por serias
privações, depressão, vontade cometer suicídio e tantas outras
coisas. Alguns conseguem sair desse poço (eu acho que estou saindo).
As coisas em nossa mente começa a se acalmar a ficar em ordem. Pelo
menos é o que parece. Mas basta uma simples palavras ou ação de
alguém que podem comprometer toda a ordem e voltarmos novamente ao
fundo do poço."
Gentilmente enviado por Tony-interior da Bahia