terça-feira, 27 de maio de 2008

Dark letter


Abro os olhos como o canto do corvo, o mesmo que me traz noticias de você e o que vejo na minha frente? A esperança de ver um pôr-do-sol. Uma onda de pensamentos e desejos indesejáveis toma minha mente e traz de volta os momentos menos esmagadores; aqueles do qual tenho saudades, aqueles que trazem o doce sabor de sangue para minha boca, que me faz ninar e adormecer em minha doce sepultura até que o inverno chegue.
Levanto-me e começo a corrida contra o que o corvo tem me mostrado desde o seu primeiro canto, então me apresso ainda mais quando um mortal bate a minha porta, como se soubesse de meus interesses em viver ao menos mais um dia já que tenho essa esperança. Depois de colocar um pouco de verdades de dentro da ultima gaveta e colocar no bolso junto com a esperança que acumulei durante a semana, saio de casa esquecido do que me esmagou antes dessa nova esperança surgir.Tenho que observar de onde estou tudo o que se passa,e até que não é tão ruim fazer um tour, de uma forma tão rápida, pela cidade dos mortais e deparar com a face de cada um e ver o quanto são capazes de fingir.Quando chego uma sensação de dejá vu toma conta do ar então desço um degrau. Acredito que se não fosse a tal da esperança teria descido no mínimo uns cinco degraus. Isso não chega a abalar as estruturas do que me faz ser como eles (essa parte suja de mim). Ali naquele momento eu não imaginava o que me aguardaria. Minha máscara ia cair mais cedo ou mais tarde. Vou então para o lugar onde mais sinto cheiro de sangue. Lá existem muitos mortais. Eles passam, desfilam, correm e vestem outra fantasia por cima da sua própia. Despem-se, vestem.
O corvo sempre comigo me trazendo a má noticia ao passo que vejo que o dia esta acabando e que não chegarei a ver o pôr-do-sol. Tento fazer com que o corvo avise que preciso dessa energia para eu poder segurar essa máscara, mas pelo visto nada deu certo novamente. Um espinho crava em meus olhos volto cego e como se não bastasse sem máscara. Tento me recompor, mas os espinhos se multiplicam e acabo ferindo alguém sem querer. Depois, ainda tentando me recompor, sento e pego uma folha da arvore de inverno e com as gotas de sangue que agora caem dos meus olhos escrevo essa carta.

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